Lançamento

Histórias de voluntários santa-marienses são contadas em livro

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Foi lançado na noite desta quinta-feira, em São Paulo, o livro Faces da Ajuda Humanitária, da jornalista Sibele Oliveira. A obra é uma importante contribuição para o estudo da psicologia brasileira e, mais do que isso, um presente para Santa Maria. A obra reuniu histórias sobre o trabalho desenvolvido por 10 voluntários brasileiros, entre os quais estão o atual presidente da Cruz Vermelha da cidade, Ronimar Costa dos Santos e Melissa Couto, psicóloga socorrista de desastres.

Ronimar foi um dos fundadores da Cruz Vermelha na cidade. Ele e Melissa começaram a atuar como voluntários entre os anos de 2003 e 2004. Em Santa Maria, o principal eixo de atuação da instituição é o socorro pós-desastres, e o trabalho é diretamente ligado à Defesa Civil. Quando determinado evento acontece, as equipes são chamadas e auxiliam as comunidades, dando um amparo psicossocial aos envolvidos. Hoje, a equipe é composta por cerca de 60 profissionais.

Além das ações de atendimento, Melissa e Ronimar também atuam na formação de profissionais e desenvolvem trabalhos de prevenção para que novos desastres sejam evitados. Mas foi depois da tragédia na boate Kiss, em janeiro de 2013, que o trabalho desenvolvido por Melissa e Ronimar e pela Cruz Vermelha entrou em evidência. E foi por essa atuação que os dois profissionais foram indicados ao livro, que já foi lançado por uma editora de Portugal.

Os dois atuaram no apoio a familiares do incêndio da Kiss

Às 7h do dia 27 de janeiro de 2013, horas depois do incêndio na Kiss, Melissa assumiu a função de comandante da Missão de Apoio Psicossocial no Centro Desportivo Municipal (CDM), coordenando as equipes de psicólogos no apoio psicológico a sobreviventes e familiares de vítimas. Os voluntários trabalharam para tentar manter a qualidade de vida das pessoas pós-desastre. Segundo ela, o vínculo estabelecido ajuda a reestruturar as famílias, e o trabalho de amparo continua até hoje.

— No protocolo, esse tipo de trabalho dura 90 dias. Mas, na tragédia, atuamos por 120 dias, devido à gravidade da situação. E, até hoje, sou procurada todos os dias por familiares e realizo esse amparo às famílias — afirma a psicóloga.

Melissa destaca que a publicação do livro é importante para Santa Maria, pois faz com que a cidade não seja esquecida:

— Como o livro conta a atuação dos profissionais, ele ajuda as pessoas a se colocarem no lugar do outro. O trabalho com as famílias é muito compensador e me ajuda a entender que as pessoas acreditam que o amor ao próximo faz a diferença.

No dia da tragédia, Ronimar trabalhou na retirada dos corpos de dentro da boate Kiss e auxiliou a parte de socorro, coordenando o transporte das ambulâncias para os hospitais da região. Ainda que tenha sido um desafio inimaginável para toda a equipe, os profissionais estavam preparados para lidar com a situação:

— O trabalho da Cruz Vermelha é auxiliar em desastres. Nunca tínhamos vivenciado uma tragédia dessa natureza, mas é para isso que nós trabalhamos. Quando aconteceu, já tínhamos uma equipe preparada.

Ronimar afirma que o livro vai ajudar as pessoas a compreenderem o significado do trabalho desenvolvido por voluntários e espera que as pessoas passem a se interessar mais pelo voluntariado. Segundo ele, as entidades do terceiro setor ainda não têm grande visibilidade, e o livro pode tornar esta atuação mais conhecida.

Para o presidente, o voluntário ajuda ao próximo, mas também a si próprio.

— A gente precisa que as pessoas percebam que ajudar o próximo faz a gente se ajudar também. E isso é, para mim, o mais importante — declara Ronimar.









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